domingo, 25 de maio de 2014

70% DE INCAPACIDADE? DANO ESTÉTICO "GRAVÍSSIMO"?

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) elevou para R$ 100 mil a indenização por danos morais e materiais de um porteiro que perdeu a perna direita num acidente no percurso para o trabalho. Segundo o relator do processo, ministro Maurício Godinho Delgado, o valor de R$ 60 mil, arbitrado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), foi "módico" diante da gravidade da lesão, que gerou incapacidade laborativa de 70%, dano estético "gravíssimo" e permanente dificuldade de locomoção.

O acidente, envolvendo 32 empregados da Fertibrás, empresa adquirida pela Yara Brasil Fertilizantes S.A, foi notícia no jornal local de Uberaba (MG). O ônibus que transportava os trabalhadores, entre eles o autor da ação, colidiu com um caminhão, deixando-o preso às ferragens por 40 minutos. Após o resgate, ele foi submetido à cirurgia que resultou na amputação da perna direita.

Ao longo do processo, a Yara foi condenada pela responsabilidade civil do acidente junto com a Viação Cruz de Malta, contratada para realizar o transporte dos empregados. Entretanto, a indenização arbitrada pelo regional, de R$ 30 mil por danos morais e R$ 30 mil por danos estéticos, foi questionada pelo trabalhador no TST.

Em recurso, ele comprovou, por meio de perícia médica, que teve, por consequência do incidente, incapacidade temporária de 100% no primeiro semestre após o acidente e, posteriormente a redução permanente de 70% da capacidade de trabalho.

O ministro Maurício Godinho Delgado conheceu e proveu o recurso do trabalhador. De acordo com ele, o acórdão regional comprova que houve responsabilidade das empresas no acidente. Ao elevar o valor da indenização para R$ 100 mil, acrescentando os danos estéticos e morais, ele citou os artigos 949 e 950 do Código Civil. "Nos casos de redução total ou parcial da capacidade de trabalho do ofendido, vislumbra-se na norma civil uma clara diretriz de proporcionalidade para a aferição do valor da pensão, a depender do nível de depreciação sofrida pelo trabalhador", afirmou.

O valor da indenização por danos materiais corresponde a pensão mensal, da data do acidente até o trabalhador completar 70 anos, a ser paga em cota única.

Fonte www.tst.jus.br.


Para reflexão de todos nós: com o avanço nos estudos da “valoração do dano corporal” seria interessante que todos os laudos periciais trouxessem sempre a metodologia utilizada para a determinação da porcentagem de incapacidade. Como o laudo pericial acima concluiu que havia 70% (e não 80%, por exemplo) de incapacidade? Outra dúvida inevitável: Como o laudo pericial acima concluiu que havia dano estético “gravíssimo”? O que seria o dano estético “leve”, “moderado”, “grave” e “gravíssimo”? Talvez o laudo pericial do processo acima tenha colocado todos os elementos que questionamos (não o vimos), o que não exclui a necessidade dessa reflexão para todos os laudos periciais na Justiça do Trabalho. Por uma maior segurança jurídica e menos subjetivismos, reflitamos. 


2 comentários:

  1. Realmente, nós peritos precisamos cada vez mais nos especializar/ profissionalizar, evitando impressões empíricas e tendenciosas em nossos laudos que devem sempre ser isentos e amparados em fontes da literatura técnico científica.
    No caso em tela, provavelmente, para se chegar ao valor de 70% de incapacidade com a perda de um membro inferior, foi utilizada a tabela da Circular 29/91 da SUSEP ou da lei 11.945/09 (do DPVAT). No entanto, o laudo deve obrigatoriamente constar a fonte utilizada.

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  2. Convém lembramos que existem diversos Baremos Científicos Internacionais, elaborados a partir de pareceres de grupos médicos de reconhecida expertise. Usar Tabela SUSEP é um grave equivoco! Não é tabela médica e ademais trata de % de IS - Importância Segurada, quem nem em tese se pode considerar como equivalente a Incapacidade Física, menos ainda como de Incapacidade Laborativa, especialmente diante das normas inclusivas preconizadas pela OMS etc.

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