Prezados leitores.
Imaginem uma empresa multinacional que possui 4.000 (quatro mil)
empregados em sua sede no Brasil. Pelas normas brasileiras vigentes, mais
especificamente a NR-4 (Norma Regulamentadora n. 4 do Ministério do Trabalho e
Emprego), essa instituição deverá compor um SESMT – Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Neste caso, conforme o Quadro
II da NR-4, essa empresa precisará contratar de 1 a 3 Médicos do Trabalho,
dependendo do seu grau de risco.
Esse(s) Médico(s) do Trabalho será(ao) responsável(is), entre outras
coisas:
- pela confecção e coordenação do PCMSO -
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, nos termos da NR-7
(Norma Regulamentadora n. 7 do Ministério do Trabalho e Emprego);
- pelos exames admissionais, periódicos,
demissionais, etc. Importante: para cada exame realizado, o médico deverá
anotar suas observações em um prontuário específico daquele trabalhador
avaliado.
Cabe-nos perguntar: no caso de a empresa multinacional encerrar suas
atividades no Brasil e fechar suas portas, onde ficarão armazenados esses
prontuários clínicos? Resposta: com o próprio médico que
coordenou o PCMSO. Vejamos o que diz o item 7.4.5 da NR-7:
7.4.5. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica
e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser
registrados em prontuário clínico individual, que
ficará sob a responsabilidade do médico coordenador do PCMSO.
Pelo exposto, observamos que a responsabilidade da guarda e conservação
dos prontuários clínicos dos trabalhadores, em última instância, não é da
empresa, e sim do médico coordenador do PCMSO. Essa atribuição encontra
respaldo também no art. 89 do atual Código de Ética Médica, que delega ao
médico esse cuidado.
Trata-se de uma responsabilidade personalíssima, não podendo ser
delegada ou atribuída a quem quer que seja. Assim, independente da empresa
estar aberta, fechada, lucrando, devendo, etc., o médico não poderá se ausentar
da responsabilidade que lhe é atribuída pela legislação (normativa e ética)
vigente.
Um forte abraço a todos.
Que Deus nos abençoe.
Marcos Henrique Mendanha
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